MITOLORGIAS URBANAS : Ouro Líquido
Festival de Inverno de Ouro Preto e Mariana - julho 2011
Restauração efêmera do Chafariz barroco Marília de Dirceu, na cidade de Ouro Preto. A performance associa o ouro, presente na memória da cidade, ao valor da água no século XXI. O percurso da água atravessa as liras de amor à Marília, escritas por Tomás Antônio Gonzaga no séc.XVIII, durante o ciclo econômico do ouro. Vinho, cravo, canela e sal grosso pontuam o trajeto da água, dos escravos e dos amores até o chafariz seco.
INTERVENÇÕES URBANAS
SER OU NÃO PEIXE?
Palácio Capanema, Morro da Providência e Largo da Prainha, Rio de Janeiro-RJ - novembro 2012
Leitura molhada de fragmentos do Sermão de Santo Antônio aos Peixes, pronunciado pelo jesuíta Antônio Vieira aos colonos do Brasil em 1654. A metáfora dos peixes grandes que comem os pequenos denuncia o “canibalismo” vil do “homem branco”. Um pano de 20 metros envolve os performers que, durante a leitura, tomam violentas baldadas d´água dos espectadores. Corpos encharcados nas dobras do pano molhado formam imagens tensas, que inserem o texto barroco do jesuíta nas contradições
urbanísticas das cidades contemporâneas.
BANHO DE ESPUMA
Chafariz da Glória – RJ - fevereiro 2011
Restauração efêmera do Chafariz da Glória (1772). Ação coletiva de pichar o chafariz com spray de espuma, em plena luz do dia, para recompor sua brancura violada por um incêndio na semana que antecedeu a performance. Esta pichação, seguida da lavagem do chafariz, aglutinou moradores de rua e outros habitantes da cidade na mesma ação. O vídeo da ação, filmada coletivamente com telefones celulares, registra um tempo-espaço
de sociabilidade que ecoa a memória do chafariz como fonte d´água potável.
BALDEAÇÃO
- Semana de Artes de Ouro Preto - Mostra Miscelânia / MG - maio 2008
- Feira da Glória / RJ – julho 2008
Exibição do vídeo Baldeação:
- CorpoCidade debates em estética Urbana /UFBA- Salvador
- Centro Cultural da Justiça Federal – RJ / exposição A Rua é Nossa
O espaço urbano é recortado em estações que marcam a passagem da água entre
baldes. A água detona a narrativa de episódios sobre deslocamentos que mudaram a vida de cada performer. O final do trajeto é um chafariz seco. A passagem da água liga presente/passado, privado/público, na produção de fluxos sensoriais que alteram a percepção do espaço urbano através de episódios autobiográficos.
PAISAGENS INTER-URBANAS
-Bienal de Dança SESC-SANTOS. Santos – SP/ Setembro 2013.
-Abertura do Multifestival de Teatro OFF de Três Rios – RJ/ Julho 2012.
-Festival de Artes Transversais TRANSBORDA. Residência Artística no Espaço Fluxo. Belo Horizonte- MG/ Setembro 2011.
O transporte coletivo da água atravessa a memória e os usos dos espaços públicos.
Os percursos da água em baldes permeiam o fluxo urbano, abrindo intervalos sensoriais pela formação de paisagens inesperadas em diversos lugares das cidades.
Na performance, as ações ancestrais de lavar roupas e praticar abluções absorvem o cotidiano urbano e dilatam as memórias dos espaços, deslocando os campos de visibilidade da cidade habitada.
MITOLORGIAS URBANAS: Águas Férteis.
Prêmio Funarte Artes Cênicas na Rua 2009 - maio 2010
Restauração efêmera dos chafarizes barrocos que distribuíam água potável para a população carioca até o século XIX. A ação coletiva reavive três chafarizes construídos pelo Mestre Valentim com a presença de 280 baldes de água, incorporando as formas arquitetônicas e as atuais condições de secura dos monumentos-chafarizes: Praça XV, Fonte dos Amores e Saracuras. Estas performances de restauração efêmera contaram com a participação ativa dos próprios moradores da cidade, que ajudaram no transporte da água para os chafarizes secos.
ÁGUA PARA O RIO CRUZEIRO
Prêmio Microprojeto de Artes Integradas/Secretaria de Culturas do Estado do Rio de Janeiro - março 2012
Performance baseada em relatos dos moradores da Vila Cruzeiro sobre o dia em que o exército ocupou a favela em 2010. A espetacularização desta ocupação, transmitida ao vivo pela televisão, marcou a “vitória” do Estado contra o tráfico de drogas no Rio de Janeiro. Esta imagem midiática do acontecimento é confrontada com outras memórias locais através da performance. Esta ação coletiva usa como suporte físico o rio pintado na escadaria (grafite do projeto favela painting, 2008) que liga o alto do morro ao asfalto. Roupas dos próprios moradores são lavadas durante a projeção sonora de diversos relatos sobre a entrada do exército na favela.
Projeto realizado com a colaboração do grupo de teatro Favela Força.
Instalação Sonora composta por Clarissa Alcântara.